Superchoque | Eu vou dar choque no seu gibi!


Capa da história em quadrinhos Superchoque, lançada em 2012 pela Panini Comics
SUPERCHOQUE (Static, no original) é um personagem criado em 1993 por Dwayne McDuffie, Robert L. Washington III e John Paul Leon para a extinta editora Milestone Comics, que imprimia e distribuía suas publicações em parceria com a DC Comics. Rapidamente foi alçado a principal personagem no selo, que durou até 1997.

Mas foi de fato em 2000 que chegou ao seu estrelato, com uma animação que leva seu nome (nos Estados Unidos, a produção foi chamada de Static Shock). Calcada em um ambiente jovem, principalmente dos negros (sem uso de gírias – pelo menos na dublagem em português – mas com as roupas típicas e rap), manteve as principais características das HQs – núcleo familiar, poderes, acessórios e área de atuação majoritariamente em Dakota.

Esta Observação tratará da recente história em quadrinhos do Superchoque, publicada dentro do evento da DC Comics chamado Os Novos 52, em 2012.

ALTA TENSÃO EM AVENTURAS ELETRIZANTES

É com esta chamada que somos apresentados a edição brasileira da revista do personagem publicada pela editora Panini Comics. Mas fica aqui um aviso, caso o conheça apenas por conta do desenho animado é melhor deixar de lado muito do que lá se viu, como a cidade de Dakota, Richie Fowley (o Gear), Daisy Watkins (sua paixão) e todos aqueles vilões que sempre apareciam.

Cartaz de Os Novos 52, da DC Comics
Os Novos 52 (clique para ampliar)
Mas para evitar confusão, vamos tentar entender o porquê desta revista neste momento.

Superchoque, a revista, faz parte de um evento chamado Os Novos 52, que foi uma forma utilizada pela editora estadunidense DC Comics para reinventar todo seu panteão de heróis, zerando todas as suas edições e relançando exatamente 52 revistas no mesmo período (outubro/novembro de 2011). Os personagens são os mesmos que todos conhecem (Superman, Batman, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha, Liga da Justiça, Sociedade da Justiça), mas com novas reinterpretações e/ou como se começassem do zero.

Com isso, o jovem herói elétrico, que já vinha sendo integrado ao universo da editora – participando do grupo Titãs –, ganhou sua própria revista, interagindo direta ou indiretamente com outros personagens da DC.

ANALISANDO A AVENTURA

Em resumo, Virgil Hawkins agora mora em Nova Iorque – por conta de um acontecimento que envolve seu lado herói e a duplicação de sua irmã – com os pais (outro ponto diferente aqui é que a mãe ainda está viva) e trabalha como estagiário nos laboratórios Star.

O herói já começa a edição abalando os planos de uma sociedade secreta de vilões que vão desde um cara com a face de uma piranha (adivinhem o nome dele!), um outro com o rosto pintado igual ao Coringa (embora não seja nem de perto o Coringa), um grupo de jovens motoqueiros e policiais corruptos, liderados por um chinês (que quando se der conta de que terminou a revista, vai se pergunta por que ele era o líder).

Era para ser uma trama simples, mas é totalmente disfuncional.

Para começar, não fica claro o porquê – uma vez que tinha a opção de zerar tudo – do autor Scott McDaniel montar algo tão complicado. A começar pela (s) irmã (s) de Virgil. Ao transformá-la em duas somente trouxe confusão para a cabeça do seu leitor, uma vez que – embora apareçam pela primeira vez nas páginas 16 e 17 – apenas vinte páginas depois temos ciência do que acontece. E os desenhos – a cargo também de McDaniel – não ajudam, estão poluídos demais e parecendo ter sido feito as pressas.

Não havia necessidade de seguir o desenho animado, mas o fato de ter sido um sucesso – durou quatro temporadas – mostrava que este poderia ser um bom caminho a seguir. Ainda mais com a certeza de que uma revista com o personagem atrairia fãs da série.

Enquanto lá Richie era o gênio por trás do herói, ainda que esse também fosse inteligente, na HQ Virgil tenta bancar exageradamente o Homem-Aranha – personagem em quem foi baseado desde os anos 1990 – com frases científicas de efeito da pior qualidade:

“Já li que certos lasers cortam com tamanha perfeição que as duas superfícies separadas podem se juntar molecularmente e ficar 100% sólidas. Vai ver, foi o que aconteceu com meu braço... com um gigawatt de ajuda da companhia de luz” – divaga pensando como seu braço se juntara novamente após ser cortado por um vilão.

“Tema do dia: lei da indução magnética de Faraday. Um campo magnético rotativo faz uma corrente fluir em um condutor. Você pode ser de borracha por fora, mas posso aquecer os teus cintos de aço como se fossem uma torradeira! Ou seja, transformo teus reforços metálicos num forno!” – pensa enquanto outro vilão tenta afogá-lo.

Os vilões também se mostram totalmente insignificantes e desinteressantes. Um deles, o tal com a cara pintada de Coringa, é na verdade um policial trabalhando infiltrado, mas pira quando vê os policiais atirando nele para tentar prender a quadrilha e passa em definitivo para o lado do mal.

Capa da primeira edição de Static Shock (1993)
1ª revista do personagem, em 1993
Outro ponto mal trabalhado são os parceiros. No desenho, Richie, que vira o Gear ao criar uma supermochila, e She-Bang, que fez algumas participações especiais, lutam ao lado do Superchoque. Nos quadrinhos, temos Hardware e Technique, que... bem, tinham que ter dado ao autor mais tempo para explicá-los, porque são horríveis e sem qualquer sentido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não é difícil imaginar porque Superchoque tenha sido um dos primeiros títulos a serem cancelados após Os Novos 52. A editora pretende manter este número de revistas nos Estados Unidos, mas tenta fazê-los vender e, para isso, precisam ter qualidade pelo menos. O difícil é imaginar como a DC poderá esquecer essas páginas e montar algo realmente digno ao herói, mas com certeza devia voltar as suas origens.

Para quem é fã do desenho e para quem é fã de quadrinhos, esta edição é um desperdício de tempo. Serve apenas para embaralhar seu cérebro e fazê-lo correr para ver o desenho animado.

Personagem Superchoque, do desenho homônimo da Warner Bros.E o erro maior talvez fique por conta da edição 8 – e derradeira – concentrar os anos de vivência do personagem, com pouca explicação para quem não era seu leitor e, pior ainda, deixando muitas perguntas no ar.

SUPERCHOQUE
Roteiro: Scott McDaniel, John Rozum e Marc Bernardin
Desenho: Scott McDaniel
Arte-final: Jonathan Glapion, Le Beau Underwood, Andy Owens
Cores: Guy Major
Editor original: Harvey Richards
Editora: Panini Comics
Ano de lançamento: 2012
Quantidade de páginas: 172 páginas

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